é do caos que viemos e é do caos que sairemos

Não sei vocês, mas todas as grandes decisões da minha vida vieram depois de momentos turbulentos. Neles, me encontrava à beira do fundo do poço, levemente desesperada, com o coração batendo mais rápido que o normal e com uma confusão tremenda na cabeça: o que eu faço agora? Me surgiam diversas possibilidades: me demitir, pedir um aumento, trocar de emprego, abrir uma empresa nova, mudar de cidade, começar a viver de arte na praia, foda-se!, a vida é uma só, viajar pra Colômbia, adotar um gato. Aqui, nada parecia haver sentido e, quanto mais eu pensava, mais eu me desesperava. 

Não fui pra Colômbia. Meu terapeuta disse que precisava ser responsável e guardar dinheiro. Concordei. Mas que dinheiro, gente? Eu preciso fazer algo! Ao meio do desespero, fui a um café. Se você não sabe, eu me mudei pro Rio de Janeiro - também em meio ao caos - e o café ficava em Botafogo. Sentei e pedi um expresso e um bolo de chocolate. Um dos melhores que já comi.

Fui pra lá com o intuito de colocar minha vida em ordem. Tadinha, achando que consegue controlar cada passo dado. Abri o Miro - e, se você não conhece, é uma das melhores plataformas já criadas pela mente humana - e escrevi "Marjorie's Life Plan". Coloquei lá todos os meus objetivos e o porque de cada um deles, todos em post its virtuais coloridos e balões em negrito. Coloquei todas as minhas habilidades, tudo o que já fiz profissionalmente na vida até hoje, meus gastos e todas as minhas possibilidades. As mais viáveis ficaram grifadas num rosa pink e em itálico.

Descobri que sou boa em várias coisas. Descobri que tenho a habilidade da liderança, do raciocínio rápido, da comunicação, do planejamento, da resolução rápida de problemas; de gostos, sei que gosto de moda, de nutrição, de desenvolvimento pessoal e, o mais importante, de marketing. No campo profissional, vi que já trabalhei como infoprodutora completamente sozinha. Eu quem criava conteúdo, fazia as campanhas, enviava os email marketings, vendia, atendia, criava o curso do 0 e em meio a tudo isso atendia minhas clientes como consultora de moda. Já fiz coisa pra cacete!

Foram 3 horas de puro foco, mais um expresso e 3 ovos que tinham uma planta estranha que foi deixada de lado - faz sem manteiga, moço, por favor. Ali, percebi o que queria fazer, apesar de sempre saber: abrir isso daqui, a Majô, e ajudar mulheres a crescer tanto profissionalmente quanto pessoalmente. Entendi que meu propósito - eu odeio a palavra propósito - era ajudar.

Na semana seguinte, comecei a ouvir algumas palestras da professora Lúcia Helena Galvão e comecei a me perguntar o porque de eu querer tudo o que eu queria. Pra que diabos eu queria tanto uma bike elétrica e um Iphone 15, gente? Minhas pernas funcionam perfeitamente e meu celular ainda está ótimo, apesar de estar com a tela levemente trincada.

Coloquei tudo em cheque: queria tudo, na verdade, pra estar mais perto da minha família e amigos quando bem entendesse; queria ser capaz de presentear e ajudar as pessoas mais próximas de mim sem danificar meu orçamento mensal; queria ter uma casa digna, bonita - eu sempre prezei pelo belo - e um refúgio mental para quando eu precisasse; queria uma vida mais confortável. Não entendi o porque de tudo, até porque só sei que nada sei, mas entendi uma parte. E me peguei querendo ser um ser humano melhor a cada dia e, a cada tarefa, colocar o melhor de mim.

Antes de isso acontecer, eu passei 2 dias em pânico, revirando meus pensamentos, sem vontade de sair da cama - mas ainda assim saindo - e chorando escondido a cada 5 minutos livres que tinha. Via trilhões de possibilidades na minha frente e nenhuma fazia sentido. Me restabeleci. Me reconectei. Me entendi de novo. Tudo num café em Botafogo com um dos garçons mais gentis que já conheci, o Marcos - que só era tão bom assim porque vinha do interior de São Paulo, temos que concordar que o atendimento no Rio de Janeiro é meio escasso.

O caos serviu pra algo, serviu pra me servir. Dele, criei isso daqui. Dele, consegui uma consciência mais elevada. E dele eu saí mil vezes melhor.

written by:
Marjorie Rabello
FOUNDER and CEO.